sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CRISTIANISMO SEM DISCIPULADO

Em algum momento da história o cristianismo se despediu deste cerne metodológico tão essencial e em poucas oportunidades se reconectou com ele. Cada vez, no entanto, que a algum movimento cristão se dedicou a fazer discípulos, sendo assim obediente ao mandado do Mestre, o Reino de Deus foi expandido. Como pudemos em algum momento conceber a ideia de um cristianismo sem discipulado? Como pudemos nos afastar da clara ordem de Jesus? Como o cristianismo parou de seguir Aquele que professam instituindo uma religião que se dedica a Deus de uma maneira que Ele nunca pediu?

Religião ritualista, supersticiosa, que enfatiza os típicos medos humanos levando as pessoas a uma dependência mórbida da igreja, é sempre religião pagã. Toda vez que a igreja cristã se apega aos modelos medievais de ser igreja, ela repete o padrão medieval sincretista pagão que era praticado então.

O afastamento em massa do cristianismo da prática do discipulado iniciou com Constantino, imperador romano. Ele tirou o cristianismo do esconderijo e da ilegalidade para fazer dele a religião oficial do império Romano. Entre as diversas barbáries sincretistas instituídas por Constantino, uma delas foi organizar o cristianismo num formato pagão. Culto, organização, sacerdócio, estrutura doutrinária, finanças, direito, tudo recebeu um toque do império romano pagão.

Os séculos se passaram e aqueles elementos pagãos incorporados ao cristianismo foram confirmados e desenvolvidos teologicamente por meio da igreja medieval a partir de Justiniano. Por amor ao poder e dinheiro a igreja tornou-se um império muito menos comprometido com os ensinamentos bíblicos do que com a manutenção de uma máquina de poder secular. Tudo o que fazia e ensinava, a maneira como se estruturava tinha como objetivo principal fortalecer e desenvolver este poderio secular.

Neste período o processo libertador: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!” foi interrompido. Este processo que leva as pessoas a Deus por meio da revelação verdadeira que Ele mesmo faz de Si, tornando o discípulo cada vez mais semelhante ao seu Mestre foi substituído pelo ensino de superstições que ao contrário de produzirem libertação, geravam dependência mórbida do sistema igreja.

Movimentos de reforma e de protesto pelos excessos surgiram com heroísmo e bravura. Alguns dos líderes destes movimentos foram mortos e outros perseguidos, alguns por assuntos fundamentais como, por exemplo, Martin Luther com a justificação pela fé e o princípio “sola scriptura” outros por assuntos mais periféricos. Todos eles tinham uma obra a fazer que na verdade nenhum deles conseguiu levar a cabo completamente: precisavam romper dramática e completamente com o modelo de ser igreja sem discipulado da idade média. Tentativas e experiências foram feitas para tornar uma igreja mais eficaz para a expansão do reino de Deus, mas nunca se tornaram o “modus vivendi” da igreja como um todo.

A maioria das igrejas protestantes, hoje chamadas de evangélicas, não conseguiu romper com o modelo medieval. Em maior ou menor grau, todas as igrejas estruturaram as suas atividades e formato de culto não como um movimento leigo que tem o foco no desenvolvimento do crente até “a medida da estatura de Cristo” (cf. Ef. 4:10-16). Parece que o “protesto” contra a estrutura medieval nunca se levantou a tal ponto de voltarmos às raízes dos ensinos de Cristo. Não há contradição maior do que cristianismo sem discipulado. Seria a mesma coisa que dizer cair para cima ou que a água não é molhada. Estamos no momento, no último momento da história para fazermos a diferença que Jesus está esperando para que possa voltar.

Por Dr. Berndt Wolter

http://www.discipulado.numci.org2/

Um comentário:

Marlene disse...

É para este tempo que Deus nos conclama, como verdadeiros discípulos, para sermos a luz do mundo e o sal da terra. Que o poder do Espírito Santo nos conceda a graça de sermos os legítimos representantes de Cristo